Vol. 38 (Nº 30) Año 2017. Pág. 6
Marcio José CELERI 1; Roberta Maria Batista de Figueiredo LIMA 2; Josenira Ferreira de OLIVEIRA 3
Recibido: 17/02/2017 • Aprobado:21/03/2017
RESUMO: A artigo analisou o Ensino da Geografia nas séries finais do Ensino Fundamental da Escola Municipal Presidente Costa e Silva, na cidade de Turiaçu, estado do Maranhão-Brasil. Trata-se de uma pesquisa bibliográfica e de campo, adotando-se como técnica a observação direta, com base no método indutivo, em que se investiga como são as práticas pedagógicas desenvolvidas pelos docentes e quais as percepções dos alunos no que concerne à aprendizagem do saber geográfico. Traça-se ainda um perfil de cada professor em exercício nessa área do conhecimento, bem como da infraestrutura da instituição escolar. Baseada nas informações coletadas, a pesquisa aponta para a necessidade de formação do professor no campo do saber geográfico como princípio básico para a transposição didática do conhecimento dessa ciência, com vista à percepção, consciente, da realidade por parte dos alunos, propiciando-lhe condições para o constante diálogo com o espaço e o meio. |
ABSTRACT: The article analyzed the Teaching of Geography in the final series of Elementary School of the President Costa e Silva Municipal School, in the city of Turiaçu, state of Maranhão, Brazil. It is a bibliographical and field research, adopting as a technique direct observation, based on the inductive method, in which one investigates how are the pedagogical practices developed by the teachers and what the students' perceptions regarding the learning of the Geographical knowledge. A profile of each practicing teacher in this area of knowledge, as well as the infrastructure of the school institution, is also presented. Based on the information collected, the research points to the need of teacher training in the field of geographic knowledge as a basic principle for the didactic transposition of knowledge of this science, with a view to the students' perception of reality, giving them conditions For the constant dialogue with space and environment. |
Este artigo diagnóstica o processo ensino-aprendizagem da Geografia Escolar, no âmbito do Ensino Fundamental, nas turmas do 6º ao 9º ano, da Escola Municipal Presidente Costa e Silva, da cidade de Turiaçu - Maranhão-Brasil, a fim de que se possa aferir a transposição didática dos conteúdos e conhecimentos geográficos na aprendizagem dos alunos nesse campo do saber. Cabe ressaltar que a escolha dessa temática decorreu da demanda de estudos sobre os saberes geográficos, demanda essa evidenciada nas poucas produções literárias referentes à geografia do município de Turiaçu.
Considerando a interdisciplinaridade da Geografia, fez-se necessário identificar o nível de conhecimento do professor nesse campo de atuação e como o mesmo manipula os conteúdos geográficos de forma a possibilitar o desenvolvimento de habilidades conceituais, procedimentais e atitudinais dos alunos diante desse campo de conhecimento.
Nessa perspectiva, além de promover um diagnóstico, também se propõe fornecer subsídios para que o ensino da Geografia escolar de fato alcance seus objetivos no processo educacional, ou seja, propiciar ao educando um nível de compreensão, conscientização e maturidade sobre a relação homem-natureza.
O artigo é apresentado em quatro partes para a melhor apresentação - a primeira trata-se da metodologia, em que se apresenta os procedimentos utilizados para o processo de coleta de dados e informações; a segunda consiste da contextualização geográfica do município onde localiza-se a escola pesquisada, enfocando os objetivos da ciência geográfica no âmbito escolar e o papel do professor nesse campo de atuação; na terceira parte procede-se com a caracterização geral da escola em estudo e da respectiva análise dos resultados, cujos dados foram obtidos através da pesquisa de campo, como parte concreta do trabalho.
Na quarta parte, traça-se as considerações sobre os resultados do estudo realizado, propondo ao mesmo tempo possíveis medidas mitigadoras com vistas à ampliação das práticas pedagógicas e metodológicas no ensino da geografia nesse nível de ensino, na escola objeto da pesquisa. Nesse sentido, o estudo contribui para a melhoria da qualidade do ensino e da aprendizagem dos saberes geográficos.
Procedeu-se inicialmente ao levantamento de obras e documentos que fazem referência à temática, através da qual procedeu-se à revisão de literatura, que possibilitaram o conhecimento e compreensão das concepções que fundamentam o ensino da Geografia escolar. Tal etapa identificou algumas obras, que se constituíram no referencial teórico da pesquisa.
Referindo-se aos tipos de pesquisa no contexto do trabalho científico, Marconi e Lakatos (2012, p. 43) assinalam que:
Toda pesquisa implica o levantamento de dados de variadas fontes, quaisquer que sejam os métodos ou técnicas empregadas. Os dois processos pelos quais se podem obter os dados são a documentação direta e a indireta. A primeira constitui-se, em geral, no levantamento de dados no próprio local onde os fenômenos ocorrem [...]. A segunda serve-se de fontes de dados coletados por outras pessoas, podendo constituir-se de material já elaborado ou não. Dessa forma divide-se em pesquisa documental (ou de fontes primárias) e pesquisa bibliográfica (ou de fontes secundárias).
Nessa perspectiva, quanto à metodologia adotada no presente estudo, esta constituiu-se em pesquisa bibliográfica, a qual trata-se do levantamento de obras cuja finalidade é colocar o pesquisador ou o cientista em contato direto com a temática, permitindo o seu “reforço paralelo na análise de suas pesquisas ou manipulação de suas informações” (TRUJILLO, 1974, apud Marconi e Lakatos, 2012, p. 44).
No que diz respeito aos métodos, as autoras afirmam que os mesmos:
Constituem etapas mais concretas da investigação, com finalidade mais restrita em termos de explicação geral dos fenômenos menos abstratos. Pressupõem uma atitude concreta em relação ao fenômeno e estão limitadas a um domínio particular (MARCONI e LAKATOS, 2012, p.110).
Quanto aos métodos e técnicas de pesquisa, adotou-se tanto o método indutivo, quanto o dedutivo, com a utilização das técnicas da pesquisa de campo, materializadas na observação indireta intensiva e extensiva, qual seja, entrevista e aplicação de questionários.
Assim sendo, foram aplicados 3 (três) questionários junto aos professores do componente curricular da Geografia, por ser este o número de seus docentes em atividade na referida escola, assim como aplicou-se 1 (um) questionário junto à direção como forma prática da coleta de dados e informações inerentes à temática. Os questionários foram sistematizados de forma a proporcionar a fidedignidade das respostas às questões apresentadas, tanto em formato objetivo, como subjetivo. Nessa etapa investigou-se com rigor a forma como o ensino da Geografia escolar é ministrado e, como os educando o apreende.
Realizadas todas as etapas preliminares, passou-se à análise e interpretação dos dados e informações coletados e em seguida iniciou-se a redação definitiva do texto monográfico.
Com uma área territorial de 2.578 Km², o atual município de Turiaçu está localizado na Mesorregião Oeste Maranhense, mais precisamente na Microrregião do Gurupi, situado a 1°.42’48’’ de Latitude Sul e 45°.26’30’’ de Longitude Ocidental” (DOMINGUES, 1953) possuindo os seguintes limites: ao Norte limita-se com o Oceano Atlântico; ao Sul com o município de Turilândia, separado pelo rio Caxias; a Leste com o município de Bacuri, separado pelo rio Turiaçu; e a Oeste com o município de Candido Mendes, separado pelos rios Cocal e Duas Antas. A Sede municipal está situada na margem esquerda do rio Carapanaí (ou rio São João), na confluência com o rio Turiaçu, a uma altitude de 5 metros.
O atual território de Turiaçu é formado por povoados e pequenos aglomerados populacionais, dividido em 5 regiões geográficas distintas: Região dos Campos, Região das Praias (porção insular), Região das Matas, Região dos Povoados e a Região Urbana (Sede). Essa divisão se dá pelos aspectos físicos, culturais e econômicos que essas áreas apresentam, diferenciando-se uma das outras (SEMED, 2015, p. 15).
Quanto à população, atualmente o município de Turiaçu é o 41º mais populoso dentre os 217 do estado do Maranhão. Segundo o IBGE (2010) o município tem uma população de 33.933 habitantes, sendo 17.626 homens e 16.307 mulheres. Desse total, 10.931 pessoas moram na Zona Urbana e 23.002 residem na Zona Rural do município. Considerando a área territorial atual (2.578 Km²) onde essa população está distribuída, a densidade demográfica do município é de 13,17 habitantes por Km², considera uma baixa densidade o que indica que o município possui um baixo índice de povoamento.
Não é possível precisar quando foi fundada a primeira escola no município de Turiaçu, o que se sabe é que a educação esteve ligada à igreja católica. Sobre esse aspecto da história da educação de Turiaçu Costa Filho (2013, p. 6) assinala que:
É desconhecida a data de fundação da primeira escola elementar do município. Entretanto, basta lançar-se a vista para o seu período de desenvolvimento econômico desde a localização à margem do Parauá e atentar para a presença dos padres jesuítas desde os seus primeiros dias de existência para se ter a quase certeza de que quando o Turiaçu abriu as suas portas para a civilização, também a Escola as abriu para os turienses (MARTINS, 1959, Apud COSTA FILHO, 2013, p. 6).
Analisando essa afirmação e outras constantes da historiografia, pode-se perceber que os religiosos tiveram importante participação no processo do desenvolvimento da educação turiense. Os Padres Jesuítas passaram a ser considerados os precursores da educação de Turiaçu, pois a partir do Século XVI, quando liderados pelo Padre Antonio Vieira, eles instalaram a Missão Jesuítica de São Francisco Xavier, no ano de 1655, introduzindo o ensino junto aos indígenas e colonos que habitavam o primeiro núcleo de povoamento de Turiaçu conhecido como Paruá (COSTA FILHO, 2013, p. 6).
As informações sobre as primeiras escolas do município de Turiaçu datam do ano de 1865 e são atribuídas ao Dr. Cesar Marques. A esse respeito aquele historiador registra em sua obra um precioso relato sobre o desenvolvimento do município, assinalando que naquele ano, havia no Turiaçu duas cadeiras de primeiras letras, uma para o sexo masculino e outra para o feminino sob a inspeção de um delegado da instrução pública. Anos depois foi criada mais uma, passando a ser uma para meninos e duas mistas (MARTINS, 1959, p. 31).
Tempos depois, ainda no primeiro quarto do Século XX, mais uma vez os religiosos protagonizaram um novo capítulo na história da Educação de Turiaçu, com a criação de novas escolas.
No ano de 1948 já era considerável a quantidade de escolas instaladas em todo o território do município. No mandato do Prefeito Humberto Borgneth (1945-1948) existia no município mais de 20 estabelecimentos de ensino. Havia uma escola na Sede (na Rua Luís Domingues) e duas nos “povoados” de Castanhal e Canário. A escola da sede foi extinta em 1948 e seus alunos passaram a integrar o Grupo Escolar Paulo Ramos, criado nesse mesmo ano pelo governo do estado, sendo sua primeira Diretora a Professora Amália Henriques dos Santos Damous. Mais tarde as escolas dos povoados de Castanhal e Canário passaram para a responsabilidade do estado, sendo chamadas de “Escolas Rurais”.
No ano de 1950 os Padres Missionários do Sagrado Coração, sob a direção do Padre Lourenço Rondinini, fundaram o “Patronato São Tarciso” (pensionato) e a “Escola Paroquial”, a qual por muitos anos esteve com suas portas abertasi à educação dos filhos de Turiaçu. Em 1952, sob a iniciativa do vigário Padre Mário D’Alberto e do Professor Robson Campos Martins foi criado um curso de regentes de ensino primário denominado “Escola Normal Regional” com a finalidade de formar, a nível médio, os primeiros professores para o ensino primário. Na década de 1960 existiam cerca de 40 estabelecimentos de ensino em todo o município de Turiaçu, algumas mantidas pelo município e outras pelo estado e por particulares. As escolas localizadas na Zona Rural funcionavam precariamente, por falta de professores formados e de material didático, enquanto que na sede o ensino prosperava em virtude de as melhores escolas estarem nela instaladas, onde o quadro de professores era mais qualificado.
No ano de 1968 a Paróquia de São Francisco Xavier cria a Sociedade Civil Assistencial denominada “Obras Sociais da Paróquia de Turiaçu”, com o objetivo de prestar atendimento médico, cultural e educacional, em carácter gratuito, às crianças e pessoas mais carentes do município de Turiaçu, se tornando, desta feita, a protagonista da Educação Infantil no município de Turiaçu, com a criação da primeira escolinha: a Escolinha Sagrada Família.
Em cumprimento à legislação superior, isto é, com fulcro no artigo 211 da C.F e no artigo 11 da LDBEN, a Educação do município de Turiaçu foi reorganizada através da Lei Municipal nº 644/2011, de 25 de julho de 2011, a qual instituiu o Sistema Municipal de Ensino do Município de Turiaçu. Conforme o Parágrafo Único, do Art. 1º desse diploma legal:
Compõe o Sistema Municipal de Educação de Turiaçu, as instituições de Educação Infantil, Ensino Fundamental, em suas modalidades, mantidas pelo Poder Público Municipal; as instituições de Educação Infantil, criadas e mantidas pela iniciativa privada e os órgãos municipais de educação, entendendo-se como tal a Secretaria Municipal de Educação e o Conselho Municipal de Educação.
Com fulcro no Artigo 5º dessa mesma lei a Secretaria Municipal de Educação exerce atribuições de Poder Público Municipal, em matéria de educação, competindo-lhe a gestão de todas as atividades relativas à Educação Municipal, constituindo-se assim no órgão máximo da gestão educacional municipal. Atualmente esse órgão encontra-se estruturado e formado pelas seguintes instancias: secretaria executiva; coordenação pedagógica; supervisão pedagógica; estatística; histórico e censo escolar;
A Coordenação e Supervisão pedagógicas são responsáveis pela organização do planejamento, que ocorre bimestralmente, assim como pela orientação e acompanhamento pedagógicos juntos às escolas de todo a rede municipal, desde a Educação Infantil à Educação de Jovens e Adultos.
A essa estrutura soma-se o funcionamento dos seguintes órgãos colegiados: Conselho Municipal de Educação (CME), o Conselho Municipal de Alimentação Escolar (COMAE) e o Conselho Municipal do FUNDEB, que são órgãos de composição paritária, que participam da administração educacional da Rede Municipal de Ensino e são compostos por representantes dos diferentes segmentos da sociedade civil.
Além das instancias administrativas anteriormente mencionadas, a estrutura Organizacional e Operacional da Rede Escolar do SME é composta por 142 unidades escolares em atividade, sendo que 130 estão instaladas na Zona Rural e 12 na Zona Urbana (MEC/INEP/2014), as quais ofertam a Educação Infantil e o Ensino Fundamental.
No município existem dois estabelecimentos de Ensino Médio, um estadual e outro particular. Ainda existe um Centro de Formação Quilombola por Alternância e uma Escola Família Agrícola. Portanto, a rede escolar no município de Turiaçu compreende 146 estabelecimentos de ensino, atendendo a uma clientela que totaliza (2014), 13.194 estudantes, conforme mostram as tabelas 01 e 02 abaixo:
Tabela 1: Total de estabelecimentos de ensino no município de Turiaçu, em 2014
Ordem |
Dependência Administrativa |
Localização |
Número de escolas |
1 |
Municipal |
Rural |
130 |
2 |
Municipal |
Urbana |
12 |
3 |
Estadual |
Urbana |
1 |
4 |
Estadual |
Rural |
1 |
5 |
Comunitário |
Rural |
2 |
TOTAL |
|
|
146 |
Fonte: SEMED/2015-PME
-----
Tabela 2: Total de alunos matriculados na rede de ensino no município de Turiaçu, em 2014
Dependência administrativa |
Ed. Infantil |
Ensino Fundamental |
EJA |
Ensino Médio |
Total de alunos |
|||
Creche |
Pré escola |
1º-5º |
6º-9º |
|||||
EJA |
Regular |
|||||||
Municipal |
699 |
1.626 |
4.571 |
3.454 |
730 |
|
|
11.080 |
Estadual |
|
|
|
146 |
|
200 |
1.526 |
1.872 |
Privada/ comunitária |
11 |
14 |
25 |
72 |
|
|
120 |
242 |
Total |
710 |
1.640 |
4.596 |
3.672 |
730 |
200 |
1.646 |
13.194 |
Fonte: SEMED/2015-PME
Segundo as informações coletadas na Secretaria Municipal de Educação, nos últimos seis anos o número de matrículas vem diminuindo no município de Turiaçu, como se verifica na tabela 03.
Tabela 3: Evolução da matrícula na rede municipal de ensino no período de 2010 a 2015
REDE MUNICIPAL |
||||||
Ano |
Creche |
Pré Escola |
Anos iniciais |
Anos finais |
EJA |
Total |
2010 |
35 |
2.342 |
5.150 |
3.430 |
1.272 |
12.229 |
2011 |
741 |
1.625 |
4.889 |
3.366 |
981 |
12.343 |
2012 |
777 |
1.690 |
4.659 |
3.558 |
520 |
11.204 |
2013 |
728 |
1.687 |
4.605 |
3.592 |
532 |
11.144 |
2014 |
699 |
1.626 |
4.571 |
3.454 |
730 |
11.080 |
2015 |
761 |
1.531 |
4.727 |
3.326 |
432 |
10.777 |
Fonte: Censo Escolar/SEMED, 2015.
Os dados evidenciam uma ligeira queda na matrícula de alunos, na Rede Municipal de Ensino, nos último seis (6) anos, com ênfase no decréscimo de matrículas na EJA, cujo percentual foi de cerca de 66% no período registrado e na Pré-Escola (Jardim I e II), em que a redução foi de mais de 34% no período observado. As demais seriações, embora em redução, não apresentaram índice acentuado, oscilando entre 3% a 8%, entre anos iniciais e finais do Fundamental, exceto na matrícula da creche, de 2010 para 2011, em que se verificou um vertiginoso crescimento, o que evidencia que até aquele ano, não havia uma oferta oficial dessa etapa da Educação.
Essa situação de queda, como evidencia os dados da tabela acima, até então não explicada pelo órgão gestor da educação municipal, é preocupante, pois sabe-se que o número de alunos é um fator determinante para a transferência de recursos. Entretanto, o Plano Municipal de Educação, consubstanciado na Lei Municipal nº 698/2015, em uma de suas estratégias, estabelece que a SEMED realize a contagem da população em idade escolar, no sentido de identificar as causas dessa problemática e promover o resgate do crescimento da matrícula e o acesso à Educação na sua área de competência administrativa.
A análise da Geografia Escolar revela que essa ciência passou por diferentes momentos, gerando assim diversas reflexões sobre seus objetivos, métodos e suas práticas, a começar pelo ensino. Considera-se ainda que a produção acadêmica da Geografia, iniciada no Brasil no final da década de 1930, de forma geral, salvo raras exceções, abordava as relações homem–natureza de forma pretensamente neutra e objetiva, buscando “princípios” gerais para explicá-las.
Essa postura se refletia – e ainda se reflete – nas práticas de ensino da disciplina em seus múltiplos níveis: com frequência os alunos são estimulados a tão somente memorizar informações fragmentadas, a enumerar dados e fatos, a descrever paisagens naturais apenas pela sua aparência, sem construir os conceitos ou entender o porquê de eles assim se constituírem.
Dessa forma, a ênfase na metodologia da descrição no ensino da Geografia e a fragmentação do saber, que foram se estabelecendo desde o século XIX, reproduziam-se na tradicional concepção de natureza, população e economia.
Durante décadas essa concepção de Geografia assumiu lugar dominante no ensino, firmando uma prática baseada na descrição física e na memorização de aspectos isolados. A consequência foi a desvalorização social e educacional da disciplina, que passou a ser vista como saber enfadonho e descartável.
A partir do final da década de 1960, por influência de teorias críticas e dialéticas os pressupostos da chamada Geografia tradicional e quantitativa passaram a ser questionados por geógrafos de diferentes correntes. Esse questionamento, que resultou em “novas geografias”, originou-se do contexto da época, tendo sido influenciado pelos novos movimentos sociais da contracultura, do feminismo, das lutas anti-imperialistas e por justiça social, do combate aos preconceitos étnicos, de gênero, de orientação sexual, etc.
Embora com variados enfoques teóricos, o movimento de renovação denominado Geografia Crítica, preocupou-se não só com a leitura e a interpretação crítica do espaço, mas voltou-se sobretudo para a transformação da realidade e, no caso do ensino, para contribuir com a formação de cidadãos ativos, conscientes e participantes, que não apenas assimilam certos conteúdos, mas principalmente, cultivam determinadas competências e habilidades, como o senso crítico, a criatividade, o raciocínio lógico, a capacidade de interpretar mapas e paisagens e ter atitudes democráticas e racionais perante os outros e o meio ambiente.
Segundo os PCNs, o ensino da Geografia deve incorporar práticas pedagógicas que permitam apresentar aos alunos os diferentes aspectos de um mesmo fenômeno em diferentes momentos da escolaridade, de modo que os alunos possam construir compreensões novas e mais complexas a seu respeito (PCNs/MEC/SEF, 1997, p.115). Assim, o aluno terá a possibilidade de desenvolver a capacidade de identificar e refletir sobre diferentes aspectos da realidade, compreendendo a relação sociedade-natureza.
Dessa forma, o ensino de Geografia, dentro de um paradigma crítico e dialético, deve propor-se a fornecer ao aluno conceitos que lhe permitam interpretar criticamente uma variada gama de fenômenos geográficos em várias escalas de abordagem: desde problemas urbanos cotidianos até eventos de escala global, como conflitos étnicos, problemas ambientais e processos econômicos.
A Geografia estuda a organização da sociedade e da natureza, a produção do espaço e a interação entre esses elementos. Por meio da disciplina é possível compreender transformações e movimentos em diferentes âmbitos, das mudanças nos arredores de uma avenida que passa a ser centro financeiro, aos conflitos entre a necessidade de preservação da natureza e do uso de seus recursos.
De acordo com os PCNs (1997, p. 108) o ensino de Geografia deve possibilitar aos alunos a compreensão de forma mais ampla a realidade, possibilitando que nela interfiram de maneira mais consciente e propositiva. É necessário que os mesmos adquiram conhecimentos, dominem categorias, conceitos e procedimentos básicos com os quais essa área do conhecimento trabalha e constitui suas teorias e explicações, sendo que sem tais conhecimentos torna-se difícil a compreensão das relações socioculturais e o funcionamento da natureza às quais historicamente pertence, ou seja, o aprofundamento dos estudos das diversas categorias que compõem os objetos de estudo da Geografia permite a compreensão processual e dinâmica de sua constituição, isto é, do conhecimento geográfico em si.
Nessa perspectiva, Pereira (2012) afirma que:
A Geografia, dependendo da maneira como é ensinada, se fará presente na realidade de nossos alunos, pois como ciência social, estuda o espaço construído pelo homem. Os alunos poderão, por meio da compreensão dos fenômenos geográficos, ampliar os conhecimentos advindos de sua experiência com o espaço vivido, do lugar em que se reconhecem, de sua existência, enfim. Um grande desafio às aulas de Geografia é o que os levará a estabelecer relações com distantes espaços, outros conjuntos sociais e novas perspectivas de leitura do mundo (PEREIRA, 2012, p. 27).
De toda a discussão acerca de sua definição, funcionalidade, etc. a Geografia passou então a ser reconhecida como ciência que possui alguns conceitos fundamentais ou estruturantes: lugar, paisagem, território, região e espaço (PEREIRA, 2012, p. 27). Tais conceitos são os mais significativos para o desenvolvimento do raciocínio geográfico.
Outro aspecto de relevância a ser considerado no ensino e na aprendizagem da Geografia é o trabalho com a linguagem cartográfica, pois constitui importante recurso para a análise da construção do espaço geográfico, ou seja, a linguagem cartográfica tem um papel importante no ensino da ciência geográfica, desde os ciclos iniciais do Ensino Fundamental, aos níveis mais elevados (SIMIELLI, 1999, p. 94).
A Geografia, como qualquer outra disciplina escolar, tem passado por mudanças. Temas considerados tradicionais são revistos e complementados, enriquecendo sua abordagem. Em relação à geografia escolar, aumentou muito nos últimos anos a disponibilidade de obras que visam a seu processo de ensino e aprendizagem, e muitas delas oferecem boas contribuições para o trabalho do professor, dialogando com suas necessidades por meio de uma linguagem clara e objetiva (PEREIRA, 2012, p. 14).
Nos dias atuais tem-se discutido muito acerca da necessidade de o ensino da geografia ser revisto, que os procedimentos metodológicos e pedagógicos da disciplina geográfica estão precisando de renovação, que eles devem ser reinventados, etc. Entretanto não existe uma fórmula que irá transformar o ensino da Geografia num modelo que seja o ideal, de uma hora pra outra. É o movimento constante de mudanças da realidade que exige tal renovação e a escola, assim como a Geografia escolar também devem se envolver nesse processo, exigindo assim, cada vez mais aprimoramento de seus atores, dentre os quais o professor de Geografia.
Sem dúvida alguma, um dos maiores problemas da má qualidade da aprendizagem dos conhecimentos geográficos perpassa pela falta de formação do professor nessa área do conhecimento. Em Para Ensinar e Aprender Geografia Pontuschka, Paganelli e Cacete (2009) revelam essa preocupação e nessa obra discutem a realidade da formação docente para o ensino e a aprendizagem da Geografia, apontando caminhos possíveis para que a Ciência Geográfica, no âmbito escolar, cumpra o seu papel, qual seja, permitir ao aluno a compreensão do espaço geográfico, ampliando sua visão de mundo (PONTUSCHKA, PAGANELLI e CACETE, 2009, p. 23).
Como ciência social, que estuda o espaço construído pelo homem, a Geografia se faz presente na realidade do aluno, porém, para cumprir esse papel, cabe ao professor apropriar-se dos conhecimentos geográficos com autonomia, para poder orientar seu trabalho pedagógico. Na opinião das autoras o professor de Geografia deve tomar posse de um perfil profissional que oriente satisfatoriamente suas atividades didáticas, como por exemplo:
É preciso conhecer os marcos fundamentais da história da educação e da trajetória do ensino de Geografia das últimas décadas [...]; dominar o conhecimento historicamente produzido no âmbito da ciência geográfica [...]; comprometer-se com a construção de seu conhecimento mediante a preocupação contínua de articular teoria e prática, sabendo que a sua formação como profissional professor não se esgota com os conhecimentos adquiridos nos cursos de licenciatura e bacharelado; ter como princípio a interação entre pesquisa e ensino e permitir que o processo investigativo este sempre presente, articulado aos conhecimentos já produzidos historicamente e à realidade do aluno (PONTUSCHKA, PAGANELLI e CACETE, 2009, p. 28).
Estas são algumas das características do perfil do professor de Geografia, são importantes, mas não basta conhecer a ciência geográfica e a sua trajetória, é preciso, acima de tudo, saber ensiná-la.
A Escola Municipal Presidente Costa e Silva (figura 01), fica localizada no bairro do Alto São Benedito, fundada no ano de 1972, Trata-se de uma escola pioneira na Educação no município.
Desde a sua fundação esteve sob a responsabilidade da administração pública municipal, começando suas atividades com o ensino primário. Atualmente, oferece o Ensino Fundamental de nove (9) anos, ou seja, séries iniciais (3º ao 5º ano) e finais (6º ao 9º ano), nos turnos matutino e vespertino. O total de alunos, da escola é de 130, distribuídos nos dois turnos da seguinte forma: 50 alunos nas séries iniciais (matutino) e 80 nas séries finais (vespertino).
Quanto à infraestrutura, a Escola possui prédio próprio, o qual já passou por várias reformas e ampliações. A última reforma ocorreu no ano de 2008, na administração do Prefeito Joaquim Umbelino Ribeiro (2005-2008). Suas instalações compreendem 4 (quatro) salas interligadas por uma área interna, possuindo ainda 2 (dois) banheiros (um para cada sexo), 1 (uma) cantina, 1 (uma) sala da Diretoria e 1 (um) pátio na área posterior. O prédio encontra-se em bom estado de e, dado o número de estudantes, ele atende às necessidades da escola e de toda a sua comunidade escolar.
Dado a sua localização, a escola não dispõe de espaços destinados a práticas recreativas e desportivas. Para essas atividades, os professores utilizam a pequena Praça Pública que fica localizada em frente à escola.
Como se pode perceber, a escola é carente de outras instalações necessárias para o desenvolvimento de suas atividades, tais como, biblioteca, sala de informática, refeitório e área para atividades recreativas.
No que diz respeito ao mobiliário das salas de aula, esse estabelecimento de ensino possui número suficiente de carteiras para seus alunos, as quais se encontram em perfeito estado de conservação. De igual modo são os móveis destinados aos professores, como mesas e cadeiras, todas novas. Em todas as salas existem quadro branco. Já quanto às estantes e armários estes só existem na Secretaria da Escola. Todas as salas são espaçosas, arejadas e com boa iluminação (figura 01).
Figura 01: As salas da escola são amplas, arejadas e com boa iluminação.
Fonte: Pesquisa de campo
No que concerne às tecnologias educacionais, a escola só dispõe de um aparelho de televisão e um DVD. Entretanto alguns professores possuem seus próprios instrumentos, tais como projetores de vídeo, computador, etc.
A Escola Municipal Presidente Costa e Silva, não possui Proposta Pedagógica ou Projeto Político-Pedagógico. As orientações didáticas e pedagógicas são realizadas pela Coordenação Pedagógica da SEMED (Secretaria Municipal de Educação), quando dos encontros para o Planejamento, que ocorrem bimestralmente, com a participação dos gestores e dos professores. Porém, a escola realiza reuniões periódicas para avaliar o desempenho das atividades escolares, entre as quais, dos projetos e atividades culturais, assim como da aprendizagem dos alunos.
No que concerne aos projetos, a escola segue as determinações da Coordenação Pedagógica. Atualmente a escola está inserida no Pacto Nacional de Alfabetização na Idade Certa (PNAIC) e no Programa Mais Educação, além da execução de projetos pedagógicos.
Como em qualquer instituição escolar do estado do Maranhão, a Escola Municipal Presidente Costa e Silva também tem seus problemas e estes vão desde a organização e execução do trabalho pedagógico, à indisciplina escolar e ausência dos pais e responsáveis no acompanhamento dos filhos. No que concerne ao trabalho pedagógico, a falta do Projeto Político-Pedagógico contribui para que as práticas docentes apresentem dificuldades, pois as atividades nem sempre são planejadas coletivamente e, por outro lado, a escola não dispõe de um professor-coordenador pedagógico, a quem compete o acompanhamento da execução do que foi planejado.
Na Escola Municipal Presidente Costa e Silva, três professores atuam no ensino da Geografia, dois deles são graduados, com formação em Letras e Pedagogia, os mesmos também possuem especialização em Língua Portuguesa e Gestão de Empresa. Um professor possui apenas o ensino médio, na modalidade Magistério. Como pode-se constatar, nenhum desses professores possuem formação ou especialização no campo da Geografia, entretanto os mesmos declararam que atuam há bastante tempo no ensino da Geografia, ou seja, entre dois a 18 anos, como mostra a tabela 04:
Tabela 04: Quadro de professores com nível de formação, em efetivo exercício no ensino da Geografia
Área do conhecimento da formação |
Quantidade de Professor |
Tempo de atuação na área da Geografia |
Pedagogia c/Esp. em Gestão de Empresa |
01 |
18 anos |
Letras c/ Esp. em Língua Portuguesa |
01 |
15 anos |
Magistério (Ensino Médio) |
01 |
02 anos |
Fonte: Pesquisa de campo
No que diz respeito aos objetivos mais importantes na elaboração dos planos de aulas, os professores entrevistados consideraram, em grau de importância, respectivamente, os seguintes objetivos: 1º) - Formar um plano crítico, oferecer condições para uma melhor adaptação ao seu meio social e promover uma melhor compreensão das relações políticas e econômicas do país e do mundo; 2º) - dar ao aluno a noção de cidadania e leva-lo a um pleno domínio dos conteúdos geográficos; e, 3º) - Oferecer condições para uma melhor adaptação ao seu trabalho e ensina-lo a respeitar as instituições que garantem a existência de seu país.
As principais fontes de pesquisa para elaboração do planejamento, esses profissionais da educação indicaram, por ordem de importância o livro didático adotado em toda a rede municipal. Em segundo plano, os professores declararam que usam outras, tais como: livros paradidáticos, jornais diários, revistas de interesse geral, revistas especializadas, enciclopédias etc.
Com relação a escolha dos livros didáticos, os entrevistados afirmaram que a escolha é feita pelos professores da área, mas as coleções são sugeridas pela SEMED, numa lista tríplice, prevalecendo a opção escolhida pela maioria. Quanto ao motivo da escolha, informaram que em primeiro lugar que a escolha se baseia no livro que contem textos de fácil compreensão para os alunos e que as obras utilizadas se ajustam perfeitamente aos objetivos didático-pedagógicos dos professores.
Esse questionamento levou a várias interpretações por parte dos docentes: houve que considerasse o livro didático como o principal roteiro para o desenvolvimento das aulas por terem sido elaborados por especialistas na área em estudo, o que favorecem condições mais seguras para o desenvolvimento do ensino geográfico; para outro, o livro didático é só um material complementar, geralmente carregado de textos complexos e incompreensíveis, e que nem todos os alunos conseguem adquiri-los; mas há quem o considera um importante roteiro para seguir, porém não é a única fonte utilizada. Cada um dos professores manifestaram uma concepção diferente acerca do livro didático, o que evidencia diferentes visões pedagógicas e no campo do conhecimento geográfico.
No que se refere ao ensino dos conteúdos cartográficos, percebeu-se que os docentes não têm um domínio desses saberes, pois suas orientações e declarações assim sugerem, ou seja, as alternativas indicadas reforçam a falta de formação dos professores que atuam nessa área, na escola em estudo. Nesse sentido, todos os docentes sugeriram que os alunos devem observar os mapas oferecidos e redigir no caderno suas conclusões; por outro lado reconhecem a dificuldade dos alunos em processarem a aprendizagem dos saberes geográficos, dificuldade essa, somada à indisponibilidade de instrumentos cartográficos (mapas, cartas, globo, GPS, etc.) na escola, que são ferramentas imprescindíveis à transposição de tais conteúdos. Entre outras dificuldades, estar a iniciativa do professor em adquirir seus instrumentos e tecnologias cartográficos, inerentes à sua práxis educativa.
Os instrumentos e formas de avaliação mais comuns utilizados pelos professores, na aferição dos conhecimentos geográficos de seus alunos, em grau de ocorrência, são: 1º) - trabalhos, exercícios e provas (100% dos professores adotam esses recursos); 2º) - participação em sala de aula (34% utilizam estas formas).
Referente os tipos dos instrumentos utilizados para avaliarem o aprendizado dos alunos, os professores, apontaram os seguintes: elaboro uma prova mista (múltipla escolha e dissertativa) para que eles treinem as diversas maneiras de se desenvolver o raciocínio (66,66% dos professores adotam essas ferramentas); ou, avaliações com questões dissertativas para que os alunos treinem mais a sistematização escrita dos conceitos (33,34%). Outros instrumentos poderiam ser utilizados, como por exemplo, pesquisa de campo com relatório e apresentação (seminário, discussão em grupo).
Esse questionamento, revelou uma concepção alinhada entre os profissionais que ministram o ensino da Geografia, talvez porque se trata de uma técnica indutiva. Segundo os docentes, há uma grande tendência de o ensino da Geografia tornar-se cada vez mais importante pois, com o avanço dos debates em torno das questões ambientais, o interesse em torno de temas geográficos vem aumentando.
Essa é uma questão que todos sabem responder, por ser um componente da realidade cotidiana de todos os professores e de todas as escolas. Não fugindo à regra, os docentes fizeram as seguintes indicações: 1º) apoio didático, estrutura física da escola, falta de capacitação na área em que atuam; 2º) falta de participação da família e interesse dos mesmos no acompanhamento do desempenho de seus filhos na escola; 3º) fonte de pesquisa e formações continuadas direcionadas à disciplina.
Ao responder às questões concernentes à prática educativa, os docentes revelaram-se conscientes da importância do fazer educativo e pedagógico que cada um tem sobre si. Assim, ao manifestarem suas concepções sobre a educação geográfica, reconhecem que esta deve ser realizada com a finalidade de garantir um futuro de qualidade social ao educando, assim como, reconhecem a importância do ensino de geografia, destacando a necessidade da formação do docente nesse campo do conhecimento.
Os docentes declararam ainda que a aprendizagem leva à compreensão e ao desejo para as novas descobertas. Com relação práxis docente, destacaram que o planejamento do ensino é de fundamental importância na orientação das atividades, especialmente no que se refere aos instrumentos avaliativos, que devem ser organizados e planejados previamente. Igualmente, destacaram a importância de se buscar novas fontes e orientações para desenvolverem suas atividades com base nos fundamentos das diretrizes curriculares.
Apesar das dificuldades que enfrentam, os docentes manifestaram um bom nível de consciência com relação à formação no campo de atuação e à busca de novas informações e conhecimentos.
As conclusões do presente estudo, foram relevantes para a compreensão do processo do ensino da Geografia nas turmas do 6º ao 9º ano, do Ensino Fundamental, na Escola Municipal Presidente Costa e Silva, da cidade de Turiaçu-Brasil. Sendo de suma importante, pois revelou que há muito que se aprender a ensinar Geografia nas mais remotas regiões do país. Ficou evidente que nesse estabelecimento de ensino, os professores enfrentam sérias dificuldades, a começar pela falta de formação no campo em que estão atuando. Para eles, ficou claro que estão num campo minado. Sem sequer, poder se movimentar, pois lhes faltam condições e meios necessários para desenvolver a atividade que lhe foi impingida.
Estar mais que do que claro, que há uma demanda de professores com a formação mínima para ensinar Geografia, não apenas na escola em estudo, como nas demais do Sistema Municipal de Ensino, pois essa é a uma constatação revelada pela pesquisa, mas também, por outros processos educativos vivenciados pelos pesquisadores. Entre os quais, na realização dos estágios de docências dos formandos do curso de Geografia da Universidade Federal do Maranhão.
Foi sentido na própria pele, o quanto é difícil trabalhar num campo desconhecido e que, tendo em vista a importância da ciência, ter o domínio de tais conteúdos e saberes é de vital importância para que o ensino da Geografia cumpra sua função, qual seja, a compreensão da realidade do aluno.
Os questionamentos levantados, evidenciaram que formas tradicionais e ultrapassadas do ensino no campo da Geografia ainda são conservadas e praticadas pelos docentes sem formação. Que, por outro lado, são formas equivocadas de se pensar o ensino de tão importante área do conhecimento que exige, nos dias atuais, uma gama considerável de diálogo e interface com outras ciências – as ciências auxiliares da Geografia -, que só se pode concretizar numa perspectiva dialética que perpassa pela interdisciplinaridade de conhecimentos científicos e sistematizados, inerentes ao professor que ministra a ciência geográfica.
Entretanto, a pesquisa revelou que falta aos docentes, a instrumentalização mínima e indispensável para que o ensino da geografia se concretize de forma satisfatória na aprendizagem, esta, como visto, seriamente comprometida dentro do contexto evidenciado.
Contudo, o estudo cumpriu sua intencionalidade final, qual seja a de perceber e revelar as limitações dos professores sem formação na área da Geografia e como consequência reconhecer que o ensino da Geografia estar longe de ser efetivado como deveria, porém, que seja suscetível às intervenções que se fizerem necessárias, afim de melhorar a prática docente na escola objeto de estudo.
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1. Doutor em Geografia. Professor do Departamento de Geociências da Universidade Federal do Maranhão. E-mail de contato: mailto:marcio.celeri@ufma.br
2. Doutora em Geografia. Professora do Departamento de Geociências da Universidade Federal do Maranhão. E-mail de contato: mailto:robertabflima@gmail.com
3. Licenciada em Geografia pela Universidade Federal do Maranhão – Brasil. Professora do Municipio de Turiaçu . E-mail de contato: mailto:nyrinhaferreira@hotmail.com